Gravador, desenhista e pintor. Dionisio Del Santo nasce no interior do Espirito Santo, numa família de modestos agricultores de origem italiana. Estuda no Seminário São Francisco de Assis, no município de Santa Teresa (ES), entre 1932 e 1939, pois seus pais pretendiam encaminhá-lo ao sacerdócio. Começa a revelar interesse pela arte, ainda no colégio, onde passa parte de seu tempo na biblioteca, lendo, admirando e tentando reproduzir alguns ícones da pintura que via estampados nas páginas de enciclopédias. Em 1943, muda-se para Vila Velha (ES), para prestar o serviço militar. Frequenta cursos de geometria, perspectiva exata e desenho de observação. Em 1947, aos 22 anos, transfere- se para o Rio de Janeiro, com o intuito de realizar estudos artísticos na Escola Nacional de Belas Artes. Impedido de matricular-se, por não possuir o diploma do nível médio, realiza cursos livres de modelo vivo na ABD - Associação Brasileira de Desenho e de teoria das cores com Portinari de quem se torna amigo.
Retorna à sua terra natal em 1949 para expor no Clube Recreativo Colatinense. A mostra provoca forte repúdio de seus conterrâneos por apresentar nus femininos considerados ofensivos à moral. Essa rejeição determina sua fixação definitiva no Rio onde sobrevive desenhando para gráficas. Sob impacto da gravura de Goeldi, inicia sua produção de xilogravuras com temática rural. Em 1957, entra em contato com o movimento concretista e realiza seus primeiros trabalhos abstratos. Em 1965, faz sua primeira individual no Rio de Janeiro, na Galeria Relevo. Nessa década integra importantes coletivas tais como Opinião 66, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a IX Bienal de São Paulo (1967) em que recebe o Prêmio Itamaraty: o Salão Nacional de Arte Moderna (1968) no qual e contemplado com isenção de Júri. Em 1970, realiza individual na Galeria do Instituto Brasileiro dos Arquitetos (RJ), com apresentação de Mario Pedrosa e participa da VII Bienal de Gravura de Tóquio (Japão). Nos anos seguintes, desenvolve intensa atividade artística, dedicando-se à criação serigráfica, à impressão de serigrafias para outros artistas e ao ensino da gravura, no MAM - RJ. Em 1975, sua individual de serigrafias na Galeria Contorno em São Paulo, é apontada como a Melhor Exposição de Gravura do Ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Com a introdução de cordéis aplicados à tela cria sua Pintura Cinética que apresenta no Museu Nacional de Belas Artes (RJ), em 1976. Em 1977, integra a mostra Projeto Construtivo na Arte realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e, no ano seguinte, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Segue expondo regularmente no Rio e em São Paulo. Em 1984/5, participa da exposição Tradição e Ruptura: síntese da Arte Brasileira organizada pela Fundação Bienal de São Paulo. Em 1988, ocupa Sala Especial na VIII Mostra de Gravura Cidade de Curitiba (PR). Em 1989 tem lugar a Retrospectiva de sua obra no Paço Imperial (RJ), exposição que, no ano seguinte, segue para o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 1998, uma grande exposição de seus trabalhos inaugura o Museu de Arte do Espírito Santo, em Vitória. O artista participa ativamente da organização da mostra, porém, vem a falecer antes do seu encerramento. Em 2008, o Museu capixaba que agora leva o nome de Dionisio Del Santo - comemora seus dez anos de atividade com a apresentação de importante conjunto de sua obra cuja inserção na história da arte brasileira começa merecidamente a se consolidar.
Fonte: Texto do catálogo da mostra "Dionisio del Santo e o Concretismo", realizada entre 02 de março a 24 de abril de 2011 na Caixa Cultural SP com curadoria de Maria Alice Milliet.