Farnese de Andrade Neto (Araguari, Minas Gerais, 1926 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996). Pintor, escultor, desenhista, gravador, ilustrador. Muda-se, em 1942, para Belo Horizonte onde, entre 1945 e 1948, estuda desenho com Guignard (1896-1962), na Escola do Parque. Em 1948 muda-se para o Rio de Janeiro para tratar uma tuberculose pulmonar. Entre 1950 e 1960, trabalha como ilustrador para o Suplemento Literário do Diário de Notícias, Correio da Manhã, o Jornal de Letras, e para as revistas Rio Magazine, Sombra, O Cruzeiro, Revista Branca e Manchete. Em 1959, começa a frequentar o Ateliê de Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), onde se aperfeiçoa em gravura em metal com orientações de Johnny Friedlaender (1912-1992). Convive com vários artistas que frequentam o Ateliê, entre eles Rossini Perez (1932), com quem desenvolve trabalhos de 1959 a 1961. No Salão Nacional de Arte Moderna de 1970, recebe o prêmio de viagem ao exterior. Parte para a Espanha, instala um estúdio em Barcelona e lá permanece até 1975.
Farnese de Andrade faz gravuras abstratas,
trabalhando com formas regulares e cores fortes. Para criar as matrizes utiliza
materiais encontrados nas praias, como pedaços de madeira cheios de sulcos.
Desde 1964, cria objetos ou assemblages com cabeças e corpos de bonecas,
santos de gesso e plásticos, todos corroídos pelo mar, coletados nas praias e
nos aterros. Em 1967, começa a realizar trabalhos com resina de poliéster,
sendo considerado um pioneiro da técnica no Brasil. A poética de Farnese de Andrade, pautada no
inconsciente, contrasta com as de outras tendências do período, como a
construtiva. O artista foi isolado pela geração dos anos 1960, considerado
politicamente alienado e subjetivo demais. Entretanto, sua obra aproxima-se da
produção dos anos 1980 e 1990, principalmente pelo peso da individualidade e
auto-expressividade que transmite.