Milton Dacosta


Imagem do Artista Milton Dacosta
Milton Dacosta, pintor e artista gravador

Milton Rodrigues da Costa (Niterói RJ 1915 – Rio de Janeiro RJ 1988). Pintor, desenhista, gravador, ilustrador. Inicia estudos de desenho e pintura em 1929 com o professor alemão August Hantv. No ano seguinte matricula-se no curso livre de Marques Júnior (1887-1960), na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), que é fechada pela Revolução de 1930. Milton Dacosta, com Edson Motta (1910-1994), Bustamente Sá (1907-1988) e Ado Malagoli (1906-1994) entre outros, cria o Núcleo Bernardelli em 1931. Sua primeira exposição individual ocorre em 1936, no Rio de Janeiro. Nesse ano recebe menção honrosa no Salão Nacional de Belas Artes. Viaja para Estados Unidos em 1945, com o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Belas Artes do ano anterior. Na cidade de Nova York, estuda na Art’s Students League of New York. Em 1946, vai para Lisboa, e conhece Almada Negreiros (1893-1970) e Antonio Pedro (1909-1966). Após visita a vários países da Europa, fixa-se em Paris, onde estuda na Académie de La Grande Chaumière. Conhece Pablo Picasso (1881-1973), por intermédio de Cícero Dias (1907-2003) e frequenta os ateliês de Georges Braque (1882-1963) e Georges Rouault (1871-1958). Expõe no Salon d’Automne e regressa ao Brasil em 1947. Em 1949, casa-se com a pintora Maria Leontina (1917-1984) e passa a residir em São Paulo. Na década de 1950, desenvolve uma obra de cunho construtivista, característica que muda na década seguinte; retorna ao figurativo com a série de gravuras coloridas em metal com o tema Vênus.

Comentário Crítico

Milton Dacosta constrói uma trajetória peculiar dentro da história da arte brasileira. Em cerca de 50 anos de produção, atinge sua maturidade artística em meados dos anos 1950, com telas abstratas de tendência construtiva, desenvolvidas com base no embate reflexivo e silencioso com alguns dos principais artistas e movimentos da arte moderna.

Seguindo sua vocação precoce, inicia-se em 1929 no desenho e na pintura no ateliê do professor alemão August Hantv, em Niterói, sua cidade natal. Em 1930 frequenta por três meses o curso livre de Marques Júnior na Escola Nacional de Belas Artes – Enba, Rio de Janeiro. Nessa época conhece Antonio Parreiras (1860-1937), com quem não tem uma aprendizagem formal, mas visita seu ateliê e mostra os primeiros trabalhos que realiza. Interessa-se por uma pintura pós-impressionistas. Aos 16 anos, ajuda a fundar o Núcleo Bernardelli, conjunto independente de artistas instalados no porão da Enba, coordenados por Edson Motta. Anos depois, indagado sobre o que ficou de sua experiência no Núcleo, Dacosta declara: “Além dos amigos, a liberdade de criação artística e ainda uma maior disponibilidade para a pesquisa”.

A produção do artista nos anos 1930 se caracteriza pela aquisição dos princípios da pintura moderna, tendo como modelo a Escola de Paris. Paisagens, nus, marinhas, vistas urbanas, retratos, não importa muito o tema a ser pintado. O artista preocupa-se em adquirir, com disciplina sistemática, os elementos de tal pintura. Observa-se que sua produção não se preocupa com o detalhe pitoresco, a fixação de uma “brasilidade”; sua cor não é mais local. Ao contrário, autônoma, se afirma em pinceladas modulares e estruturais, numa incorporação natural de Paul Cézanne (1839-1906). Como observou o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), entre a consciência perceptiva do artista e a realidade externa se insere, nesses trabalhos, uma formalização geométrica. Em telas como Paisagem em Santa Teresa(1937) já se percebe “que num nível elementar a pintura de Dacosta é regida por um princípio de economia. Ele não se detém em demoradas elaborações mas na captação sintética da estrutura plástica”.

No início dos anos 1940, o artista aproxima-se da pintura metafísica de Giorgio de Chirico (1888-1978). Em obras como Composição (1942), a superfície da tela apresenta definidos planos de cor e um espaço enigmático, ambos fundamentais em seu desenvolvimento construtivo posterior. Em 1944 recebe o prêmio de viagem ao exterior na Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes, partindo para Nova York no ano seguinte. Entre 1945 e 1946, Dacosta permanece no exterior, indo dos Estados Unidos diretamente para a Europa. Durante sua estada fora do Brasil não produziu muito. Dedicou-se a visitar museus e exposições e a estudar de perto os artistas que só conhecia por ilustrações – Georges Braque, Cézanne, os impressionistas, Henri Matisse (1869-1954), Amedeo Modigliani (1884-1920), Piet Mondrian (1872-1944), Pablo Picasso. Sobre essa experiência afirma: “Fez com que voltasse com maior segurança para uma mais completa disciplina conceptual e formal, presente em toda minha obra”. Regressa ao Brasil em 1947 e em 1949 casa-se com a pintora Maria Leontina.

Entre 1949 e 1951, Dacosta realiza as séries Figuras e Naturezas-Mortas em que se percebem uma maior geometrização das figuras e do espaço e a utilização da linha como um importante elemento estruturador. Aqui o artista conversa com o cubismo analítico, entretanto, diferentemente de Picasso, mantém a unidade da figura, o mistério de sua interioridade. Sua temporalidade está mais próxima da fixação do que da simultaneidade. Também a cor é densa e opaca, resistindo à total exterioridade da transparência. Esses trabalhos contêm uma das principais características de sua pintura: o conflito entre a clareza da estrutura, universal e despersonalizada, e a subjetividade do artista revelada na cor.

Entre 1952 e 1954 permanece na Europa com a esposa, estudando. Ao voltar, inicia as séries de naturezas-mortas organizadas como uma grade geométrica, que não perpassa a totalidade do quadro, ficando a composição centralizada. Inicia também a série Castelos e Cidades, na qual a figura é reduzida a retângulos e quadrados coloridos, acumulados no centro da tela em coloração viva, mas sóbria, em geral sobre fundo preto. A série anuncia o singular cruzamento entre Mondrian e Giorgio Morandi (1890-1964), gerador de uma poética própria, que se desenvolve poucos anos depois em puras abstrações construtivas, nas quais a tela é limitada ao jogo de linhas verticais e horizontais e poucos elementos geométricos no centro do quadro. Nas telas Em Vermelho (diversas versões, 1957-1958), Em Branco (1959) e Composição (1958-1959) o artista sintetiza silenciosamente sua maior contribuição à pintura brasileira. Em oposição à racionalidade universal e impessoal do construtivismo o trabalho de Milton Dacosta traz a mediação de nossa cultura, pois é “intimista, introspectivo, centrado num eu lírico comedido”.5 Ou melhor, a pintura é confrontada com a persistência em uma unidade misteriosa, capaz de resistir a indiferenciação e generalização do indivíduo no mundo moderno.

Contudo, como aponta o crítico Paulo Venâncio Filho, é por uma produção menos autêntica e de menor nível artístico que o artista conhece sua notoriedade pública: a série de figuras femininas conhecidas como Vênus, desenvolvidas por Dacosta de meados dos anos 1960 até o fim de sua vida. Ao contrário, suas obras construtivas ainda são apreciadas por poucos.

Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa1612/milton-dacosta

Obras à venda:
Gravura da obra Sem título (Série Vênus)
MILTON DACOSTA: “Sem título” série Vênus.., gravura em metal.
"Sem título (Série Vênus)"
Gravura em metal, ponta seca.
Tiragem 70/100
Dimensão da  imagem: 12,1cm x 16,2cm
Dimensão da folha: 15,7cm x 23,7cm
R$ 500,00
Gravura da obra Sem título (Série Vênus)
MILTON DACOSTA: “Sem título” série Vênus, litogravura de 1979.
"Sem título (Série Vênus)", 1979
Litogravura
Tiragem: 01/91
Dimensão da folha: 34,5cm x 49cm
R$ 800,00
Gravura da obra Sem título (Composição concreta)
MILTON DACOSTA: “Composição Concreta” serigrafia original colorida.
"Sem título (Composição concreta)"
Serigrafia colorida sobre papel, déc. 80
Tiragem: 14/100
Dimensão da imagem: 60,5cm x 78,5cm
Dimensão da folha: 70cm x 1,00m
R$ 1.500,00
Gravura da obra Sem título
MILTON DACOSTA: "Sem título" (Cidade concreta), serigrafia colorida em grande formato.
"Sem título"
Serigrafia colorida
Tiragem: 04/100
Dimensão da imagem: 63cm x 79cm
Dimensão total: 84cm x 98cm
R$ 2.000,00
Gravura da obra Vênus
MILTON DACOSTA: "Vênus", gravura água-forte.
"Vênus", 1969

Gravura água-forte.
Tiragem: 199/200
Dimensão da imagem: 16cm x 19,5cm
Tiragem especial para o livro História da Gravura Brasileira II, editado
por Julio Pacello em SP, 1969.

R$ 600,00
Gravura da obra Sem título (Série Vênus)
MILTON DACOSTA: “Sem título” série Vênus, gravura em metal.
"Sem título (Série Vênus)"
Gravura em metal, ponta seca.
Tiragem 70/100
Dimensão da imagem: 9cm x 10,8cm
Dimensão da folha: 23,9cm x 16,5cm
Não Disponível
Gravura da obra Sem título (Série Vênus)
MILTON DACOSTA: “Sem título” série Vênus, gravura em metal.
"Sem título (Série Vênus)"
Gravura em metal, ponta seca.
Tiragem P.A.
Dimensão da imagem: 12,2m x 18cm
Dimensão da folha: 15cm x 21cm
Não Disponível
Gravura da obra Sem título (Natureza morta concreta)
MILTON DACOSTA: “Sem título” (Natureza morta concreta), serigrafia colorida, dec.80.ravura em metal.
"Sem título (Natureza morta concreta)"
Serigrafia colorida sobre papel
Tiragem 10/100
Dimensão imagem:  47,8cm x 74,7cm
Dimensão da folha: 70cm x 1,00m 
Não Disponível
Gravura da obra Sem título (Natureza morta concreta)
MILTON DACOSTA: “Sem título” (Natureza morta concreta), serigrafia colorida, dec.80.ravura em metal.
"Sem título (Natureza morta concreta)"
Serigrafia colorida sobre papel
Tiragem 13/100
Dimensão imagem: 56cm x 77cm 
Dimensão da folha: 70cm x 1,00m  
Não Disponível