Percy Lau nasceu em 1903 na cidade de Arequipa, Peru e faleceu no Rio de Janeiro em 1972. Filho de mãe alemã e pai inglês, mudou-se para o Brasil em 1921 onde se naturalizou. Aos 26 anos faz sua primeira exposição na 1a. Exposição Geral de Belas Artes de Pernambuco. Em 1932 monta atelier com Augusto Rodrigues onde faz decorações, publicidade, pintura mural, letreiros artísticos, quadros de formatura e retratos a óleo de senhoras da sociedade Pernambucana. Expõe no São Independente de Recife e no ano seguinte no Gabinete Português de Leitura e na Casa Laubishe-Hirth. Em 1938 muda-se para o Rio de Janeiro e ganha a medalha de prata na Exposição do Salão Oficial. É contratado pelo IBGE para ilustrar a Revista Brasileira de Geografia, na seção “Tipos e Aspectos do Brasil” que iria abranger os próximos 30 anos de sua vida. Participou de várias exposições nacionais e internacionais como a Exposição Internacional de Arte Moderna de Paris em 1946, sob o patrocínio da Unesco. Também atuou como júri do Salão de Belas Artes na categoria desenho e artes gráficas, junto com Armando Viana, Ubi Bava, Athos Bulcão e Augusto Rodrigues. Produziu um grande painel para a Feira Internacional de Nova York em 1964, para a empresa H.Stern. Em 1983 foi organizada no Museu Nacional de Belas Artes, uma grande exposição comemorativa dos 80 anos de nascimento do artista, com uma retrospectiva de toda sua obra.
A obra de Percy Lau tem relevância nas artes plásticas do Brasil, contribuindo com uma obra pictórica para o patrimônio cultural brasileiro no diz respeito à função da arte como instrumento de preservação da memória cultural e histórico documental das atividades econômicas e culturais do Brasil no século XX. Sua obra é caracterizada pela simplicidade do traço sem contudo perder seu valor artísitico e a precisão com que retratou através das mais variadas técnicas de desenho, bico de pena, guache e aquarela, o Brasil de todas as épocas. Sua obra nos remete diretamente ao universo mostrado por Jean Baptiste Debret já que ambos artistas eram dotados de uma profunda visão antropológica da sociedade na época em que viveram. O exercício de retratar todos os tipos de aspectos culturais do Brasil em todas as suas regiões, descrevendo com dignidade e simplicidade – sem com isso alterar o nível da apurada qualidade técnica de desenhista – nossa cultura e costumes, o folclore e as atividades econômicas desenvolvidas pelo homem do campo, fizeram da obra deixada por Percy lau, um capítulo à parte nas artes brasileiras.
Frederico Morais, em crítica publica no Jornal O Globo em 1974, resume bem a grande obra deixada por Percy Lau: “Ilustrador do IBGE durante 28 anos, seu desenho ficou marcado por este compromisso com a paisagem real do País. O lado documento portanto pesou fortemente sobre a sua criação, contudo, se esta fidelidade à paisagem brasileira, segundo um ângulo institucional impediu no artista vôos mais longos, liberdades, pode-se afirmar também que mesmo o mais rigoroso documentarista, participa do fato documentado com a sua personalidade, sensibilidade e particular visão das coisas do mundo. Percy lau foi um desenhista sensível que soube, graças também ao domínio técnico indiscutível, libertar o lápis, a pena e o pincel em momentos de efusão lírica e de envolvimento emocional ou também de usá-los para simplificar os dados da realidade visual em composições dotadas de grande síntese e espontaneidade de gesto.”
Julio Reis