Processo do Relevo


Marcus Lontra, Curador de Arte olhando e sorrindo para a foto
"Abstrato" Gravura em metal com Relevo, s/d. Anna Letycia.

“Este processo, que dá à gravura um aspecto de relevo, executa-se deixando que o ácido nítrico ataque livremente as partes descobertas da chapa durante um tempo suficiente para produzir rebaixos na sua superfície. Uma chapa assim mordida apresenta uma superfície irregular, com visíveis diferenças de níveis, segundo o grau da mersura que tiver sofrido. Esses planos, formados pelos rebaixos, serão, na impressão, circundados por um contorno negro resultante da retenção da tinta contra as bordas do mesmo e que será tanto maior quanto for a diferença de nível de um plano para o outro. As bordas dessas formas do mesmo e que será tanto maior quanto for a diferença de nível de um plano para o outro. As bordas dessas formas apresentarão maior ou menor pureza, segundo o mordente usado. As partes, que devem permanecer brancas, serão previamente protegidas com verniz líquido, assim como as que já foram suficientemente atacadas. É aconselhável reforçar a camada de verniz, em duas coberturas. Neste método, pode-se empregar o ácido mais forte, tendo-se naturalmente, o cuidado de não exagerar. O verniz dificilmente resistiria à potência demoníaca do nítrico puro, que, entretanto, se empregado, deve-se fazê-lo a pincel, com o ácido novo misturado com um pouco de ácido velho. Também pode-se envernizar a chapa com cera negra, e, depois, descobrir as partes da se deseja expor ao ácido, aplicando-lhes, a pincel, uma solução composta de 1 parte de óleo de oliva, 1 parte de terebentina e ½ parte de negro de fumo. Esta solução tem a propriedade de dissolver o verniz que, dentro de poucos instantes, pode ser destacado sob a pressão de um pedaço de mata-borrão.

É igualmente prático recorrer ao processo do açúcar para delimitar-se às zonas que devem receber a mersura. O processo do relevo pode ser combinado com outros, de acordo com o efeito que o artista deseja obter. A estampa do cobre trabalhado nessa maneira apresenta, no verso, marcas visíveis dos rebaixos na chapa.”

Fontes:

CAMARGO, Iberê. A Gravura. Topal, São Paulo, 1975.
CAMARGO, Iberê. A Gravura. Porto Alegre, Sagra: DC Luzzatto, 1992.