Tomie
Ohtake nasceu em Kyoto, no Japão, dia 21 de novembro de 1913, onde fez seus
estudos. Em 1936 chegou ao Brasil para visitar um de seus cinco irmãos.
Impedida de voltar, devido ao início da Guerra do Pacífico, acabou ficando no
país. Casou-se, criou seus dois filhos, e com quase 40 anos começou a pintar
incentivada pelo artista japonês Keiva Sugano.
A carreira atingiu
plena efervescência a partir dos seus 50 anos, quando realizou mostras
individuais e conquistou prêmios na maioria dos salões brasileiros. Em sua
extensa trajetória participou de 20 Bienais Internacionais (seis de São Paulo,
uma das quais recebeu o Prêmio Itamaraty, Bienal de Veneza, Tóquio, Havana,
Cuenca, entre outras), e contabiliza em seu currículo mais de 120 exposições
individuais (em São Paulo e mais vinte capitais brasileiras, Nova York,
Washington DC, Miami, Tóquio, Roma, Milão etc) e quase quatro centenas de
coletivas, entre Brasil e exterior, além de 28 prêmios.
A obra de Tomie
destaca-se tanto na pintura e na gravura quanto na escultura. Marcam ainda sua
produção as mais de 30 obras públicas desenhadas na paisagem de várias cidades
brasileiras como São Paulo (Av. 23 de Maio, 1988; Anhangabaú, 1984; Cidade
Universitária, 1994, 1997 e 1999; Auditório Ibirapuera, 2004; Auditório do
Memorial da América Latina, 1988; Teatro Pedro II em Ribeirão Preto, 1996;
entre outras), Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Araxá e Ipatinga, feito raro
para um artista no Brasil. Entre 2009 e 2010, suas esculturas alcançaram também
os jardins do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio e a província de Okinawa,
no Japão. Em 2012, ainda, foi convidada pelo Mori Museum, em Tóquio, a produzir
uma obra pública que situa-se no jardim do edifício.
Sempre disposta a
novos desafios, Tomie levou a sua arte para outras frentes. Criou dois cenários
para a ópera Madame Butterfly, o primeiro em 1983, no Teatro Municipal do Rio
de Janeiro, e o segundo em 2008, no Teatro Municipal de São Paulo. Foi também
convidada a criar obras para prêmios e comemorações, como por ocasião do
centenário da imigração japonesa, em 2008, quando concebeu a monumental
escultura em Santos e a do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Peças de
pequenas dimensões, como o troféu da Mostra Internacional de Cinema de São
Paulo, a homenagem-prêmio para a Fórmula 1, utilizando a pedra do pré-sal
(2011), cartazes, ilustrações de livros e periódicos, medalhas e objetos para
laureados de muitos eventos são parte de sua diversificada produção.
Sobre o seu trabalho foram publicados dois livros, vinte
catálogos e oito filmes/vídeos, entre os quais o realizado pelo cineasta Walter
Salles Jr. Em São Paulo, dá nome a um vibrante centro cultural, o Instituto
Tomie Ohtake. Em comemoração ao seu aniversário de 97 anos, o Instituto exibiu
cerca de 25 pinturas em grandes dimensões que investigam o círculo, produzidas
em 2010.
Com seu reconhecimento, Tomie tornou-se uma espécie de
embaixatriz das artes e da cultura no Brasil. Assim, durante toda sua vida foi
sempre convocada a receber grandes personalidades internacionais, como a Rainha
Elizabeth, o Imperador, a Imperatriz e o Príncipe do Japão, o dançarino Kazuo
Ohno, a coreógrafa Pina Bausch, a artista Yoko Ono, o escritor José Saramago, o
encenador Robert Wilson, entre muitos outros.
Em 2012, além da
obra pública para Tóquio, criou uma série de pinturas azuis, nas quais, mais
uma vez, fica evidente o seu interesse em renovar-se ao inventar uma nova
pincelada – a pincelada como forma, sem que a tela perca o movimento e a profundidade
característicos de sua produção.
Em 2013 Tomie
Ohtake chegou aos 100 anos, comemorados com 17 exposições pelo Brasil, com
destaque para as do Instituto que leva o seu nome: Gesto e
Razão Geométrica, com curadoria de Paulo Herkenhoff no mês
em que completou cem anos (novembro), Tomie
Ohtake Correspondências e Influxo
das Formas, ambas com curadoria de Agnaldo Farias e Paulo
Miyada, realizadas respectivamente em fevereiro e agosto.