Restauração


Julio Reis

O PAPEL DA ARTE não quer apenas enriquecer sua coleção de obras de arte em papel, mas também ajudá-lo a cuidar desse acervo, oferecendo desde dicas de conservação até o serviço de restauro e emolduramento.

Trabalhamos com uma equipe de profissionais altamente qualificados que devolverão a sua obra de arte a beleza do momento em que foi criada. Entre em contato conosco informando o que gostaria de restaurar.

Lembramos no entanto que o papel é um organismo vivo e portanto biodegradável, composto por celulose e aproximadamente 90% de água, sofrendo durante toda a sua vida a ação do tempo, da umidade e da luz. A melhor restauração é aquela onde há a menor intervenção possível. A atuação de um restaurador especializado assemelha-se a de um médico que precisa examinar in loco o seu paciente – a obra de arte –, para então traçar um prognóstico correto e o melhor tratamento a ser ministrado. Por isso, não podemos fazer qualquer avaliação de restauro sem antes estar com a obra em mãos.

Proceda da seguinte forma: retire o trabalho da moldura com cuidado e envie-o num canudo de papelão para nós. Sugerimos que envie pelo correio utilizando o serviço econômico de encomenda registrada, o PAC e informando o valor da obra no ato da postagem. É tão seguro quanto o sedex porém muito mais barato. Após receber o trabalho enviaremos o orçamento via email, lembrando que o custo de envio para devolução da obra é de responsabilidade do colecionador.

Veja abaixo a gravura em metal “Gabinete de Madame D´Azay Court” de Francois Boucher (www.francoisboucher.org), que estava infestada de fungos e bactérias.

Detalhe antes e depois do emolduramento
Detalhe: Antes e Depois
Área antes e depois do emolduramento
Área total: Antes e Depois

Emolduramento


É muito comum comprarmos uma gravura que esteja com algum tipo de oxidação, mofo ou mesmo rasgo e enviá-la a um especialista em papel para o restauro e limpeza dessas manchas e sujeiras adquiridas com o tempo e a má conservação. Dependendo do estado da gravura, às vezes sai caro o processo de restauro devido às dificuldades enfrentadas pelo profissional que precisa conhecer muito bem não só os mais variados tipos de papel e sua constituição como também os produtos químicos (tintas, vernizes, graxas etc) empregados na sua execução.

Após a compra dessa gravura e os custos para resgatar toda a sua beleza após o restauro, o colecionador comete então um dos seus maiores erros: manda emoldurá-la na vidraçaria da esquina, aquela mesma onde ele encomendou o box blindex do seu banheiro e também os vidros das janelas da sua sala. Um erro fatal cuja conta será cobrada futuramente, afinal o barato sempre sai caro.

O alto teor de acidez dos paspaturs comuns e sem ph neutro, o uso de fundos de duratex, madeira ou papelão para “fechar” o quadro, agem como verdadeiros inimigos da gravura, que em pouco tempo sofrerá com a acidez desses materiais apresentando novas manchas, pontos de amarelecimento ou mofo e necessitando assim de uma nova ida ao restaurador.

É importante que você leve sua gravura a um moldureiro que entenda o mínimo de conservação e utilize papéis adequados para emoldurar corretamente sua obra. Os custos realmente não são altos se você comparar com os gastos que teve na compra e restauro de sua gravura. É como você comprar o carro dos seus sonhos e só abastecê-lo com gasolina adulterada, ou seja, em pouco tempo aparecerão problemas.

Conversei com o André Vincenti, da Molducenter, empresa especializada em papéis especiais para emolduramento de gravuras, que me disse: ” – a vantagem de você usar um papel alcalino é que ele possui em sua constituição uma reserva maior de carbonato de cálcio, que inibirá por maior tempo a proliferação de fungos e a acidez do ambiente externo que atinge a gravura. Se você emoldurar por exemplo um pôster do Monet, poderá utilizar um paspatur comum não alcalino e com função meramente decorativa porém quando você for emoldurará uma gravura original, é realmente importante o emprego de um paspatur alcalino, livre de acidez, que irá protegê-la da melhor forma possível contra ação dos fungos.”

André Vincentti
André Vincentti, da Molducenter

André complementa que a função do paspatur é criar um micro clima dentro da moldura, porém somente sobre a área do desenho. Esse micro ambiente entre o vidro e a gravura é criado pelo uso do paspatur de 1 a 2 mm que deixará a gravura “respirar”. Perguntei-lhe então quais são as etapas corretas para emoldurar uma gravura e ele me explicou que existem 5 passos básicos e fáceis do moldureiro seguir:

1º Moldura: se quiser utilizar alguma moldura antiga, deve-se desinfetá-la antes e isolar com fita adesiva alcalina a área onde se encaixa o vidro e as demais partes do quadro.

2º Vidro: jamais aproveite algum vidro usado.

3º Paspatur: utilize paspatur livre de ácido/alcalino. Recomendamos a linha Select.

4º Gravura

Opcional: antes de colocar o fundo para fechar a gravura, recomendamos o uso do Barrier, um papel livre de acidez que funcionará como mais uma barreira de proteção contra os fungos.

5º Fundo : sempre utilize o Foam Board que é uma placa de prolipropileno alcalino ou então um cartão micro ondulado alcalino. O fundo do quadro é a área mais importante a ser preservada pois é a entrada mais fácil de fungos e bactérias até a gravura.

André informou também que na hora de fixar a gravura ao paspatur e depois fechar o fundo, “jamais deixe de trabalhar com fita adesiva alcalina, ou seja, livre de ácido. Nada de economizar usando a fita durex ou fita crepe utilizados em casa”, finaliza.

Em breve informaremos alguns contatos de bons moldureiros que trabalhem utilizando corretamente as técnicas e papéis adequados para emoldurar suas gravuras. Aguardem!