Verniz Mole


Marcus Lontra, Curador de Arte olhando e sorrindo para a foto
"Mulher com cabrito", Verniz Mole, 1955. Iberê Camargo.

“O processo de verniz mole consiste em preparar a chapa com um verniz graxo, composto de cera negra, sebo de boi, vaselina ou graxa, e cobri-la com um papel de granulado fino, sobre o qual se desenha com um lápis duro, médio ou mole, segundo o efeito que se deseja obter. Pode-se igualmente variar o granulado do papel do qual também depende a textura do traço, como igualmente se pode usar vários papéis sobrepostos. Com a pressão do lápis, o verniz gruda ao papel sobreposto, de acordo com a aspereza e acidentalidade do granulado, reproduzindo, na morsura, o efeito de um desenho a lápis. O tempo do banho de uma chapa preparada com um verniz mole exige muita experiência. Em geral, os tempos de banho, são maiores do que os necessários à água forte. É impossível o gravador se orientar por uma tabela do tempo, visto que concorrem vários fatores, como o granulado do papel, a pressão do lápis etc. Como no caso da água forte, pode-se morder a chapa com uma morsura plena ou por tempos, isto é, com morsuras e coberturas com verniz isolante, “verniz à recouvrir”. Para se preparar o verniz mole, mistura-se, em banho Maria, cera negra, cera comum de água forte, com sebo de boi, vaselina ou graxa, na proporção de 2 partes de cera negra por 1 parte de sebo de boi, proporção esta boa para ser usada durante o verão, numa temperatura de 24º ou 29º. No inverno, aconselha-se partes iguais. A medida das partes faz-se em peso. Na preparação deste verniz, primeiramente se derrete a cera negra, à qual se junta imediatamente o sebo de boi, misturando bem os dois ingredientes, que, uma vez bem unidos, se derramam na água fria para o resfriamento, dando-lhe, então, uma forma de pequena esfera ou bastão.

Este verniz sólido, posto dentro de um saco de pano fino, para coar possíveis impurezas que contenha, é passado sobre a chapa, previamente aquecida, com um rolo de couro ou com o tampão. No caso de usar o rolo, é preciso deixar a chapa esfriar. “O verniz mou” Lefranc é estendido com um rolo de gelatina sobre a chapa fria. A uniformidade da camada de verniz sobre a chapa é muito importante e convém que ela seja mais espessa do que a usada para a água forte. Também se deve observar que não restem partes descobertas da chapa ou que se apresentem bolhas de ar sobre a superfície preparada. Quando o verniz é aplicado a rolo, deve-se carregar o rolo, passando-o primeiro sobre um vidro onde se espalhou, antes, um pouco de verniz. Este rolo, então assim atintado, é cuidadosamente passado sobre a superfície de metal, primeiramente num sentido da chapa e depois no outro, a fim de que resulte uma cobertura perfeita. Só se ajusta o papel sobre a chapa envernizada, quando esta estiver completamente fria. Para o verniz mole, só se deve usar o mordente holandês ou o percloreto de ferro. “

Fontes:

CAMARGO, Iberê. A Gravura. Topal, São Paulo, 1975.
CAMARGO, Iberê. A Gravura. Porto Alegre, Sagra: DC Luzzatto, 1992.