Há duas técnicas de xilogravura e o que lhe dá o nome é o modo como a madeira é cortada. Se cortada em tábuas, no sentido vertical da árvore em pé, ao comprimento de sua fibra, chama-se xilogravura de fibra. Se a madeira, para se fabricar o taco, foi cortada no sentido horizontal da árvore em pé, chama-se xilogravura de topo.
Xilogravura de fibra: o taco de madeira, do mesmo tamanho do desenho a ser gravado, é polido para receber o desenho, que é cavado, nas partes brancas, por instrumento cortante: goiva, formão, canivete. A madeira alta, não cortada pelo gravador, é que vai receber a tinta por intermédio de um rolo. Esta tinta será transferida ao papel. A impressão pode ser feita à mão. Depois do papel assentado sobre o taco entintado, o mesmo é friccionado, pelas costas, com uma espátula ou outro instrumento que se mostre capaz de pressionar o papel sem o rasgar. A colher de sopa é muito usada. Também pode ser impressa por prelo de rosca, tipográfico, até mesmo nas prensas calcográficas. Desde que haja a pressão necessária para retirar a tinta da madeira, a impressão da xilo se torna possível. Um das características de boa impressão, é quando os “pretos” conservam as características da fibra e nervuras da madeira.
Xilogravura de topo: como a de fibra, a madeira é polida e desenhada para receber a gravação que é feita com buril. A madeira do topo é muito mais unida, não apresenta fibra nem nervura, o que permite, ao buril, trabalhar traços mais delicados pois não o dificulta, no corte, a direção da fibra da madeira. Os traços cavados podem ser cortados quase juntos, resultando traços impressos também quase unidos. A impressão se dá da mesma forma da xilo de fibra.
Essa xilo trabalha mais com o traço que, mais ou menos separado, formam gamas de claro-escuro. Quando cortada com muita delicadeza dá, a olho nu, a ilusão que aguadas, e não traços, formam os valores. Os pretos são compactos, sem a respiração (pequenos espaços brancos) das nervuras, que servem para identificar a xilo de fibra.
Fonte:
DASILVA, Orlando. A Arte maior da Gravura: participação gráfica de Marcello Grassmann. São Paulo, ESPADE, 1976.